Leis Sistêmicas e as Crianças colocadas em famílias substitutas

As leis sistêmicas que regem as crianças colocadas em famílias substitutas.

Quando os pais adotivos dão aos pais biológicos um lugar no seu coração, recebem a benção e o amor deles para que possam criar os filhos. Consequentemente, as crianças, ao sentirem que os pais adotivos respeitam e consideram a presença dos pais biológicos em sua alma, se sentem mais amadas e aumentam a confiança nos pais adotivos.

Essa foi uma das importantes dinâmicas que vieram à tona durante a 3ª Vivência de Constelações Familiares na Comarca de Amargosa (a 2ª da Vara de Infância e Juventude), com o tema “ADOLESCENTES E ATOS INFRACIONAIS – A DESCOBERTA DOS VÍNCULOS SISTÊMICOS FAMILIARES”, realizada em Amargosa no dia 10 de julho de 2014.

Como temos feito nesses eventos, realizamos uma palestra e uma meditação, em que todos tiveram oportunidade de compreender melhor como os comportamentos agressivos de crianças e adolescentes e as dificuldades que a família tem de controlá-los podem estar relacionados, sistemicamente, a fatos traumáticos e destinos difíceis ocorridos no passado familiar, mesmo que em gerações anteriores – mortes precoces ou violentas, suicídios, doenças graves, crimes, abortos, adoções, etc.

Em seguida, fizemos duas constelações, ambas relativas a crianças criadas em famílias substitutas (em processos de adoção ou guarda). Em ambos os casos, viu-se o forte amor da mãe de criação pelas crianças, e destas por aquela, ao mesmo tempo em que havia uma sensação de insegurança delas de que o reconhecimento ou a aproximação dos pais biológicos ou de membros da família originária, ainda que somente por falar ou lembrar deles, pudessem afastar as crianças da mãe de criação.

Contudo, nas constelações, experimentamos pedir à representante da mãe de criação que olhasse para os representantes dos pais biológicos e de outros membros da família biológica, e que dissesse a eles:

“agora eu vejo vocês; sinto muito pelas dificuldades que têm/tiveram; e, em sua homenagem, cuido de seus filhos e os amo como meus”.

Para os representantes dos pais biológicos (mesmo quando as pessoas representadas já morreram), essa frase tem o efeito de fazer com que se sintam considerados e, consequentemente, confiem na mãe de criação e deem a ela sua bênção para criar seus filhos.

Estes também se sentem mais amados, quando veem que sua verdadeira origem é vista e honrada. E os pais adotivos se sentem fortalecidos para a missão que receberam, quando o fazem em nome dos pais biológicos e destes recebem a benção.

O que pode ser observado é que essa dinâmica ocorre independentemente do que os pais biológicos tenham feito e de como as crianças tenham sido entregues à família substituta – se os pais morreram, se entregaram os filhos à adoção voluntariamente, se foram destituídos do poder familiar por maus tratos ou abandono, etc.

A história de cada pessoa é o que faz com que ela seja quem é. Negar, rejeitar ou desqualificar essa história, ainda que implicitamente, faz com que a criança se sinta diminuída, rejeitada e fraca. Essa pode ser a origem de muitos problemas enfrentados por crianças e adolescentes nessas condições – desde dificuldades de rendimento na escola até atos de revolta contra a própria família adotiva e envolvimento com drogas e violência.

E quando a família substituta acolhe no coração, junto com a criança, toda a origem que esta traz consigo, a criança se sente acolhida por inteiro. As dificuldades que passou podem ser assimiladas com dignidade, convertendo-se em força e segurança. A consequência natural disso é o respeito e a gratidão aos pais de criação.

por Sami Storch

(fonte: https://direitosistemico.wordpress.com/2014/07/14/direito-sistemico-as-leis-sistemicas-que-regem-as-criancas-colocadas-em-familias-substitutas/)

Deixe um comentário