O ser humano é naturalmente negativo, mas será necessário?

O ser humano é naturalmente negativo, mas será necessário?

Imaginemos a seguinte situação: Você está perdido em uma floresta e a mais de três dias sem se alimentar. Então se depara com uma macieira que tem apenas uma maça. Você até já sente aquele gostinho doce em sua boca. Mas na hora em que se prepara para pegar a maçã você escuta as folhagens próximas se mexerem muito forte. Tem de tomar uma decisão: fica e pega a maçã ou corre, pois pode ser um tigre ou um leão que vai atacar você?

Saiba que era uma decisão bastante comum na vida de nossos antepassados, afinal, vivíamos na selva disputando corrida com todos os outros animais. Tomar decisões rápidas era crucial para a sobrevivência.

Na possibilidade de o barulho ter vindo de um tigre a reação imediata seria correr para não ser devorado. Dificilmente nosso cérebro agiria de forma racional para enfrentar a ameaça, provavelmente seriamos devorados.

No momento do sentimento de ameaça, ocorre um aumento do hormônio cortisol no organismo. O cortisol ativa o mecanismo de resposta - lutar ou correr - o sangue migra boa parte para os músculos provendo energia imediata para o corpo poder enfrentar o problema, fazendo com que aumente a velocidade dos batimentos cardíacos, respire mais rápido, consequentemente diminuído a quantidade de oxigênio no cérebro para atender o demais órgãos e músculos, piorando o seu funcionamento.

Um dos efeitos do cortisol é justamente esse: nos ajudar a tomar decisões rápidas, que aumentem nossas chances de sobrevivência. Mas ao mesmo tempo essa elevação do cortisol no sangue pode desligar parcialmente uma parte do cérebro chamada córtex pré-frontal – responsável pelo planejamento, pela projeção do futuro, pela linguagem e pelo pensamento racional.

Numa discussão, por exemplo, quando os ânimos começam a esquentar, as pessoas começam a gritar uma com as outras, dizendo muitas vezes coisas que não deveriam. Algum tempo depois quando as coisas se acalmam, os envolvidos se lembram das coisas que deveriam ter dito no momento da briga para vencê-la. Mas porque não se lembrou desses argumentos durante a discussão? Porque os níveis de cortisol no sangue estavam elevados e a parte racional de seu cérebro se achava parcialmente desligada, e por isso não conseguiu encontrar bons argumentos nem ser criativo.

Emoções negativas podem desligar parcialmente uma parte do cérebro responsável pela criatividade, fazendo com que você vislumbre menos possibilidades. Emoções negativas reduzem sua visão de mundo.

Para nossos antepassados esse mecanismo era perfeitamente normal, pois dependia dela para sua sobrevivência e da espécie.

Atualmente são raras as pessoas que vivem nas mesmas condições dos nossos antepassados, porém, sofremos outras ameaças mais brandas, como perder o emprego, não saber se conseguiremos pagar as contas no final do mês, o termino de um relacionamento, o carro roubado.

Apesar da enorme diferença na severidade e quantidade de ameaças vividas pelo homem das cavernas e o moderno, o seu mecanismo primitivo de defesa continua como se ainda vivesse na selva. Pelo fato de a milhares de anos atrás nós, seres humanos, tínhamos que nos manter 100% atentos ao que poderia acontecer de errado – pisar numa cobra, uma pantera à espreita numa arvore, barulhos estranhos nas proximidades – somos naturalmente negativos.

Até hoje, continuamos mais atentos às coisas negativas presentes em nosso ambiente do que às coisas positivas, um fenômeno chamado de viés da negatividade. Alguns estudos reiteram essa afirmativa de o número de emoções consideradas negativas é maior em comparação ao de emoções positivas. Ao receber o boletim de um filho, por exemplo, quais as notas que chamam mais a atenção dos pais, as boas ou ruins? Ao navegar em um site de notícias, quais manchetes chamam mais a atenção da maioria, as positivas ou as negativas?

O cérebro humano foi programado pela evolução para procurar coisas negativas com mais frequência do que coisas positivas.

Um dos grandes problemas do cortisol é o seu tempo de metabolização no organismo: ocorre lentamente. É por isso que quando lemos uma notícia negativa, podemos ficar o dia todo nos lembrando desse acontecimento.

Emoções negativas entram em nosso corpo e provocam efeitos de longa duração. O problema maior se dá quando essas cargas de hormônio do estresse aumentam na sua frequência e intensidade – vale lembrar que o estresse está relacionado a várias doenças e morte prematura. Sabe-se também que existe uma relação entre o nível de estresse de uma pessoa e o aceleramento do seu envelhecimento.

É fundamental que você descubra quais escolhas deve fazer na vida. Essas escolhas, inclusive, podem futuramente formatar seu cérebro de uma maneira diferente, livrando-o da negatividade, naturalmente instalada na nossa configuração inicial.

Que tenhamos pensamentos positivos para poder viver mais e melhor. A escolha é sua.

Este conteúdo (textos, imagens e artes gráficas – exceto trechos de livros, citações de outros autores) é material de propriedade do Instituto Tânia Feltrin| Curadoria de conteúdo realizada por Deolindo Feltrin e Tânia Stolf Feltrin

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